Fatores que auxiliam a construção de espaços positivos
Um primeiro fator, tratado por Alexander et al (1977), é a convexidade do espaço. Um espaço é convexo quando é possível traçar uma linha reta entre todos os pontos localizados no seu interior sem atravessar nenhuma borda do espaço aberto. Em outras palavras, em espaços convexos todos os pontos em seu interior conseguem se “enxergar” mutuamente. A imagem abaixo mostra dois exemplos: o primeiro deles, à esquerda, representa um espaço convexo. Na imagem da direita, ao contrário, é fácil perceber que há uma razoável quantidade de “pares” de pontos cuja linha de visão entre si passaria por fora do espaço, conforme exemplificado pela linha tracejada. Esse espaço não é convexo.
Espaço convexo (esq.) e não convexo (dir.) (Fonte: Carmona et al, 2003, p. 138)
O segundo é um certo grau de “contenção espacial” (CARMONA, 2003, p. 139), que por sua vez depende da relação entre a altura das edificações do entorno e suas distâncias no eixo horizontal. Segundo Carmona (2003), a forma mais fácil de criar esse senso de contenção espacial é agrupar edifícios ao redor de um espaço central.
Entretanto, isso nem sempre é possível ou até mesmo desejável, dependendo de cada situação. Nesses casos, é possível atingir efeito semelhante através de outros elementos, tais como desníveis e o uso de vegetação. Veja, por exemplo, a estratégia utilizada pelos projetistas da Deichmann square, Chyutin Architects.
Deichmann square (Chyutin Architects) – Source: here.
Camilo Sitte destacou o uso de configurações do tipo “catavento”, nas quais as vias não passam diretamente pelo espaço, o que diminuiria a sensação de contenção do espaço; ao contrário, as vias eram interrompidas pelas edificações para “recomeçarem” em outro alinhamento, aumentando a sensação de definição da ambiência.
Configurações em “catavento” – Sitte, 1992.
Podemos concluir que espaços bem conformados, positivos, tendem a proporcionar maior qualidade ao usuário e criar espaços mais agradáveis. Um fechamento equilibrado deve ser capaz de, ao mesmo tempo, proporcionar uma sensação de acolhimento mas também realizar conexões (visuais, funcionais, ou mesmo simbólicas) com outras partes da cidade, sejam outros espaços semelhantes a ele ou não, de forma a integrar-se adequadamente à riqueza e complexidade da dinâmica urbana.
Exemplos
Espaços negativos
Espaços positivos